terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Depressão pode estar associada a alterações cerebrais, indica pesquisa

Depressão (Foto: Flickr / Steve Snodgrass) Perda de energia e de interesse, alterações no apetite, noites mal dormidas, ansiedade, concentração reduzida, sentimentos de inutilidade e de culpa e pensamentos sobre autolesão ou suicídio. Esses são alguns dos sintomas da depressão, transtorno mental que atinge cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo e que é classificado como a doença mais incapacitante de todas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para além dos sintomas sociais e psíquicos da doença, é capaz que a depressão também traga implicações biológicas e orgânicas (assim como tumores, por exemplo, que indicam o diagnóstico de câncer). Foi isso que investigou o psiquiatra Pedro Mario Pan, pesquisador da Unifesp, em sua tese de doutorado.

Pan avaliou imagens cerebrais de 750 crianças de 6 a 12 anos de idade e conseguiu identificar que algumas apresentavam alterações de conectividade no circuito de recompensa no cérebro. Curiosamente, três anos depois, esses jovens foram diagnosticados com quadros de depressão. 

“A partir de exames de ressonância magnética, encontramos alterações cerebrais na rede de recompensa de algumas crianças, especialmente no estriado ventral esquerdo, ponto que está mais associado ao processamento de atividades de prazer e recompensa”, explica o psiquiatra. “É uma mudança que deixa o estriado ventral esquerdo mais conectado às outras áreas do cérebro”, adiciona.

A modificação cerebral também foi encontrada em crianças que não tiveram depressão no futuro, porém, em um grau muito menor. De acordo com Pan, a mutação foi muito mais frequente e comum em jovens que apresentaram o diagnóstico do transtorno mental posteriormente.

Ainda sem resultados muito conclusivos, o psiquiatra e seus colegas de campo acreditam que a hiperconexão cerebral identificada nas crianças durante a ressonância magnética pôde predizer os quadros de depressão que elas apresentaram nos anos seguintes.

“No campo da hipótese, pensamos que essa hiperconexão não era um sintoma da doença, mas uma predisposição para desenvolvê-la no futuro. Acreditamos que ela dificultou que o indivíduo processasse o prazer e a recompensa, fatores que são, justamente, a dificuldade que jovens com depressão enfrentam”, explica Pan.

Jovem e deprimido
Até a década de 1970, acreditava-se que a depressão só poderia atingir adultos, porém, após diversos estudos, hoje sabe-se que bebês, crianças, idosos e adolescentes podem apresentar o transtorno – e são estes últimos, os mais jovens, o principal grupo de risco, já que a depressão é a principal causa de doença em pessoas de 10 a 19 anos, segundo aponta a OMS. (Revista Galileu)

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