Para além dos sintomas sociais e psíquicos da
doença, é capaz que a depressão também traga implicações biológicas e orgânicas
(assim como tumores, por exemplo, que indicam o diagnóstico de câncer). Foi
isso que investigou o psiquiatra Pedro Mario Pan, pesquisador da Unifesp, em
sua tese de doutorado.
Pan avaliou imagens cerebrais de 750 crianças
de 6 a 12 anos de idade e conseguiu identificar que algumas apresentavam
alterações de conectividade no circuito de recompensa no cérebro. Curiosamente,
três anos depois, esses jovens foram diagnosticados com quadros de
depressão.
“A partir de exames de ressonância magnética,
encontramos alterações cerebrais na rede de recompensa de algumas crianças,
especialmente no estriado ventral esquerdo, ponto que está mais associado ao
processamento de atividades de prazer e recompensa”, explica o psiquiatra. “É
uma mudança que deixa o estriado ventral esquerdo mais conectado às outras
áreas do cérebro”, adiciona.
A modificação cerebral também foi encontrada em
crianças que não tiveram depressão no futuro, porém, em um grau muito menor. De
acordo com Pan, a mutação foi muito mais frequente e comum em jovens que
apresentaram o diagnóstico do transtorno mental posteriormente.
Ainda sem resultados muito conclusivos, o
psiquiatra e seus colegas de campo acreditam que a hiperconexão cerebral
identificada nas crianças durante a ressonância magnética pôde predizer os
quadros de depressão que elas apresentaram nos anos seguintes.
“No campo da hipótese, pensamos que essa
hiperconexão não era um sintoma da doença, mas uma predisposição para
desenvolvê-la no futuro. Acreditamos que ela dificultou que o indivíduo
processasse o prazer e a recompensa, fatores que são, justamente, a dificuldade
que jovens com depressão enfrentam”, explica Pan.
Jovem e deprimido
Até a década de 1970, acreditava-se que a depressão só poderia atingir adultos, porém, após diversos estudos, hoje sabe-se que bebês, crianças, idosos e adolescentes podem apresentar o transtorno – e são estes últimos, os mais jovens, o principal grupo de risco, já que a depressão é a principal causa de doença em pessoas de 10 a 19 anos, segundo aponta a OMS. (Revista Galileu)
Até a década de 1970, acreditava-se que a depressão só poderia atingir adultos, porém, após diversos estudos, hoje sabe-se que bebês, crianças, idosos e adolescentes podem apresentar o transtorno – e são estes últimos, os mais jovens, o principal grupo de risco, já que a depressão é a principal causa de doença em pessoas de 10 a 19 anos, segundo aponta a OMS. (Revista Galileu)
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